Nem nada,nem tudo,nem ninguém...

Hoje eu acordei olhando pra lua,batendo a porta e querendo destruir essa cidade torta.

Hoje eu acordei querendo dar a volta por cima,olhar meio torto pra aquela cidade cinza...

Hoje eu quis não querer,não agir,não sofrer...e esconder-me do sol,trancar todas as janelas.Ser traduzida pelo pincel em tons frios de uma aquarela.

Hoje eu quis tornar-me enigma,metáfora,antítese...E destruir esse HOJE,que delimita,designa,profetiza.Fazer um misto de tudo...um misto de nada.

Ser tudo e também querer ser nada,nada,nada,nem nadar...

O vento que trás...

Eu busco em um lugar escuro que deixei pra trás, algo que ficou no passado, que há muito tempo está enterrado, mas que só agora criei forças pra encarar. Eu não sei como tudo está lá dentro, se a tempestade já passou, se o medo não reside mais naquele lugar. Lembro com lágrimas nos olhos, que aquele lugar já foi minha morada, minha prisão, meu paraíso, e hoje tudo está coberto de poeira, cobrindo minhas pegadas.
Se eu tivesse vencido o medo, encarado ele de frente, não estaria hoje aqui de qualquer jeito, solto e perdido, tentando resgatar um passado tão distante de mim, levado pelo vento, doado à sorte...
O tempo me mostrou o que antes pra mim não tinha valor,eu aprendi que as coisas efêmeras que constroem nossa base, nos fortalecem, e nos ensinam a conquistar as coisas eternas...

Sentir por entre as fendas da alma...

Me sinto livre por dentro, abro todas a grades de minh'alma, respiro o ar puro da paz,e não pretendo trocar tudo isso por nada. Apenas sinto a essência da ternura,saboreio o sabor dos milhares de beijos,respiro o aroma das flores urbanas,aprecio os sorrisos,os olhares medrosos...

Livro-me da amargura, os olhos tornam-se nuvens claras, a alma é restaurada,a luz surge.
Abro as fendas da alma

É através do amor que o mundo surge de outra cor.

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