sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O dia em que eu fui mais feliz...

Há momentos que é preciso refletir, parar pra medir, analisar e pairar-se sobre si mesmo. Como conseguir chegar a algum lugar, se seus pés não conhecem os caminhos que você carrega dentro de si mesmo? São nesses momentos de conversa íntima que me transporto ao meu passado feliz. Não sei se "felicidade" é a palavra certa para um tempo em que eu não tinha necessidade de "matar um leão todo dia". Pois é, eu apenas precisava ter sonhos, dormir e acordar com eles. Realizando-os em minhas brincadeiras. É tão interessante você perceber o mundo de uma criança, quando essa criança foi/é você. Faço isso sempre.
Quem sou eu? Quem são vocês? Perguntem-se! Garanto que se surpreenderão com a resposta. Eu sempre me surpreendo. Foi querendo tanto descobrir quem era Annita,querendo tanto procurar respostas pro meu presente que as palavras surgiram para mim. Eu não sabia nem o que escrever, não tinha ainda o coração nos dedos. Comecei fazendo rimas, poeminhas de amor (como eu queria tê-los hoje),não tinha para quem mandar, mandava pra minha avó,pra mim mãe... Eram meus amores, sempre serão. O que eu escrevia ia me dando gás, tudo o que eu queria era transbordar no papel minhas angústias, meus sentimentos, minha alma. O tempo passou e eu cresci, abandonei os poeminhas. Os desenhos se tornaram a novidade. Eu tinha entre 14 e 15 anos quando começei a rabiscar meus primeiros desenhos, gostava de criar quadrinhos. Sinceramente, eu não era tão boa nisso, mas isso não importava, eu queria ser Desenhista. As artes sempre me prenderam a atenção. Um dia a gente tem que crescer, em estatura e - pior - as responsabilidade crescem também!.Os desenhos foram ficando de lado ,os sonhos, ah os sonhos nunca! Estão escondidinhos,sempre estarão aqui. Vieram as primeiras experiências: primeiros porres, decepções amorosas, crises de identidade. Apaixonar-se. Ai, Ai! o conflito não está em apaixonar-se, claro que não! Não saber lidar com tudo isso, isso sim! Isso sim é um baita conflito. Mas isso não vem ao caso agora.
Eu não desenhava bem, mas e daí? Eu queria ser desenhista,a garota de 14 anos não se importava com os rabiscos, ela tinha auto-confiança. Sabem o que isso significa!!? Eu acreditava em mim sem me importar com outras opiniões, caminhava sem vela no escuro. Um dia temos que crescer, cresci. Crescemos com o pacote completo: Imaturidade, ambições, ilusões, sonhos, medos,desejos. Somos tão cegos. A cegueira capitalista nos corrompe. Aos 14 eu queria ser desenhista ,não me importava com o que lucraria, queria fazer por amor, seguir esse caminho. A sociedade nos engole, precisamos ter uma profissão, competir no mercado de trabalho, aprimorar os conhecimentos, correr contra o tempo, sermos os melhores! Ufa! Cansei... Tudo que tenho dito não quer dizer que eu não concorde que mereçamos crescer profissionalmente, batalhar pelo nosso conforto e bem-estar.
Sim,precisamos! Mas as coisas não param por aí. Em todo esse contra-tempo , gradativamente vamos deixando de lado um pouco de nossas convicções, onde guardamos nossas verdades? Às vezes nem percebemos o quanto estamos distantes de nós mesmos. Desperdiçamos gotas de vida, não temos um ritual, nos acostumamos a não ter em que acreditar, em que depositar nossos medos. Dificilmente damos uma pausa para tirar a maquiagem do nosso personagem cotidiano. Dormimos, acordamos,transamos, sempre maquiados. Onde está você dentro de você? Quando eu era criança ,sentia medo de acordar e não ter minha mãe comigo, minha força estava em saber que ela sempre me abraçaria e me protegeria dos medos da vida. E hoje? Nós não somos mais crianças, não podemos simplesmente correr pro colinho da mamãe.Em que iremos nos apoiar quando a vida nos colocar contra a parede? Lembro-me agora de uma passagem do Guimarães Rosa que diz: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria,aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem..."
Sim, ela quer coragem!!! Coragem de sermos nós mesmos,de sermos mais honestos com o que dizemos e sentimos. Coragem de não esconder o que seu coração quer dizer. Não sou desenhista, isso agora faz parte apenas das recordações felizes de meu coração. Não abandonei os poemas,os poeminhas... continuo a escrever, são simples - sem maquiagem- são minhas verdades ,são um pedação de mim. Tenho meus "leões" e "leõezinhos" a enfrentar todos os dias. Sofro,choro,baixo a cabeça. A correria existe e exige, mas não permito me perder.

Um abraço de olhos fechados.

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